sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Carnaval 2010 -Publicado no Jornal o Estado de Sao Plauo


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''Lula'' e Homem-Aranha caem na folia pelas ruas de Olinda
Bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça é destaque na cidade
15 de fevereiro de 2010 | 0h 00
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Angela Lacerda - O Estadao de S.Paulo
Nove horas da manhã de domingo, Alto da Sé, Olinda.


Ainda transitável, a cidade começava a receber os foliões que se preparavam para sair com o bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça que, aos 15 anos de vida, se transformou em uma das maiores atrações do carnaval de Olinda. Na concentração, quando se pode apreciar a criatividade das fantasias, não cabem apenas super-homens, mulheres-maravilha, volverines e tartarugas ninja.

Alexandre Moura, carnavalesco que faz sucesso travestido do cantor brega Reginaldo Rossi, desta vez veio com personalidade dupla. Com o inseparável violão - que toca em plena folia, cantando músicas que falam de traições e amores despedaçados de autoria de Rossi -, também encarnou o presidente Lula. De faixa presidencial, pisava sobre um planeta Terra de plástico ("o mundo está aos meus pés") ao cantar a música Megalomaníaco - "Eu sou bom pernambucano/sou personalidade do ano/Só penso alto/Nem pressão baixa eu quero mais".

Os seguidores de sua performance vestiam jalecos de médico e enfermeiras. Seu assessor levava também uma enorme pasta com a inscrição "Superagenda" e trazia medidor de pressão para atender "Lula". A brincadeira aludia à crise de pressão alta sofrida pelo presidente em sua visita a Pernambuco, mês passado.

Com uma gaiola e um passarinho de madeira colado sobre ela, o carnavalesco olindense Zurdival Pino instigava: "Quem você gostaria de ver preso"? A lista de mais votados incluiu o presidente do Senado, José Sarney, "minha sogra", o deputado federal pernambucano Inocêncio Oliveira, bispo Macedo e "a amante do meu marido".

Por volta do meio-dia, o Enquanto Isso... ganhou as ruas, ao som de orquestras de frevo e acompanhado de uma multidão que já havia curtido os contendores de luta livre que "brigam" em um ringue - armado e desarmado de acordo com o cansaço dos heróis Mucha Lucha, Capitão Presença e El Vingador.

O Homem-Aranha Jailson de Oliveira, um dos mais famosos integrantes do bloco e que chama a atenção durante todo o carnaval subindo em sacadas, muros e telhados da cidade histórica, ontem escalou o reservatório de água, de 19 metros, localizado próximo da concentração.

A essa altura já era complicado andar pelas ruas que foram sendo tomadas, até a noite, por agremiações e mais agremiações - de improvisadas a tradicionais, como as troças Vassourinhas de Olinda, Elefante e Flor da Lira.

Enquanto os super-heróis brilhavam em Olinda, em Bezerros, no agreste, a 100 km do Recife, era reeditado o encontro dos papangus, com grupos mascarados que nasceram pobres, usando farrapos e máscaras de papel machê, e que hoje primam por fantasias sofisticadas e usam máscaras sintéticas.

A estilização é criticada pelos que defendem a tradição, mas o bloco atrai cada vez mais gente para as ruas. O nome papangu se deve ao hábito de mascarados que batiam às portas das casas pedindo angu antes de cair na folia.




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