domingo, 9 de janeiro de 2011







André de Albuquerque, que decretou Brasil livre antes de Dom Pedro I e em terras potiguares, recebe homenagem em Natal
Francisco Francerle // franciscofrancerle.rn@diariosassociados.com.br



A independência do Brasil, que será comemorada amanhã, representa mais para o povo norte-rio-grandense do que o que se lê na história oficial, que dá todos os méritos e tributos a Dom Pedro I e Tiradentes. Cinco anos antes do grito que se ouviu das margens do Ipiranga e longe da Inconfidência Mineira, no dia 28 de março de 1817, um homem começou nas terras potiguares um governo independente de Portugal e de ideais tipicamente republicanos. O governo durou 23 dias e o líder do movimento revolucionário foi ferido à espada e preso no Forte dos Reis Magos, onde agponizou até à morte, sendo depois arrastado pelas ruas da cidade e sepultado na matriz de Nossa Senhora da Apresentação.

O poeta Alexandre Moura vestido a caráter, sentado no túmulo do revolucionário Foto: Maria Iglê/Especial/DN/D.A Press
O revolucionário André de Albuquerque Maranhão não é reconhecido como herói nacional, tampouco do estado e nem de Natal. Não se reconhece o feito de ter lutado pelos ideais de independência e de caráter republicano 72 anos antes de o marechal Deodoro da Fonseca fazer aProclamação da República. Essa falta de reconhecimento das autoridades e do povo potiguar tem despertado a atenção do poeta e estudante de sociologia da UFRN, Alexandre Moura, que há alguns anos reúne amigos no dia 7 de setembro em sua casa para homenagear o líder da Revolução Republicana do Século 19.

"Todos se vestem a caráter igual aos republicanos da época com a mesma animação de quem vai assistir a um jogo da seleção. Essa é uma forma de prestar tributo ao mártir do povo potiguar e sua importante participação nos ideais revolucionários pela libertação do país da coroa portuguesa", justifica Alexandre. Para ele, essa é uma forma também de chamar a atenção das autoridades do estado. "Na Semana da Pátria, o Rio Grande do Norte tem a obrigação moral de comemorar o herói da terra. As escolas só falam no Grito do Ipiranga e na Inconfidência Mineira, que com toda sua importância foi um movimento abortado não chegando ao fim, enquanto que em Natal os revolucionários chegaram ao poder e governaram durante 23 dias. Foi um movimento futurista e vanguardista e se os livros didáticos excluem esse fato histórico no episódio, os professores das escolas norte-rio-grandenses não devem esquecer isso, porque não podemos se autodiscriminar".

Saiba mais

Segundo a enciclopedia virtual Wikipedia (www.wikipedia.org), André de Albuquerque Maranhão foi o chefe, no RN, da Revolução de 1817 (também conhecida como ). Era proprietário rural, Cavaleiro da Casa Real e Senhor de Cunhaú. Era herdeiro opulentíssimo do Morgado Cunhaú e, por seus relevantes serviços, foi condecorado com o hábito de Cristo e a patente de Coronel de Milícias a cavalo.

Na manhã de 28 de março, André, com sua tropa, parentes e oficiais, faz a entrada solene na capital, apoiado pela Companhia de Linha. No dia 30, chega o reforço militar da Paraíba, cinquenta soldados, comandados por José Peregrino Xavier de Carvalho. Mas após a partida destes em 25 de Abril de 1817 enfraquece o governo de André de Abuquerque.

Ele teve sua sala invadida por contrarrevolucionáriose, sozinho, foi ferido por Antônio José Leite Pinho que o atingiu com a espada na virília. Ferido, foi conduzido à Fortaleza dos Três Reis Magos e colocado num quarto escuro. Sem assistência, sem tratamento, agonizou até a morte. Câmara Cascudo descreve que o corpo de André de Albuquerque foi arrastado pelas ruas da cidade, nú, sujo de sangue coagulado, para ser sepultado na Matriz

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Edição de domingo, 6 de setembro de 2009


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